Antes de ir para o palco, uma tela gigantesca mostra cenas nunca vistas de Justin no YouTube quando ele tinha 13 anos. Sua performance, sentado no sofá, é eletrizante – um canto falseto de ‘Cry Me A River’ de Justin Timberlake. Mas enquanto eu me esforçava para assistir, eu me lembrava daqueles filmes caseiros de Michael Jackson. Seria ainda melhor para Michael se ele não tivesse talento? Será que ele teria uma vida melhor?
Nosso dia (Estou com a equipe de Justin – estilistas, maquiadores, membros da banda – em um certo ponto há 37 de nós no mesmo quarto) começa dentro de um hotel, onde Justin está gravando para um programa de TV. Estou sentada no saguão, encarando um grupo de garotas do outro lado do vidro. Quantos fãs conseguem descobrir onde seus ídolos estão vai além do meu potencial. David Cassidy nunca podia ficar em um hotel quando ele via se apresentar em London. Nenhum hotel iria aceitá-lo por causa do dano causado pelos seus fãs, e ele era obrigado a ficar em uma terrível pensão. As garotas espancavam o vidro. Eu sorri para elas, e elas me olharam de cara feia. Um casal de adolescentes entraram no saguão. As garotas gritaram. Os garotos nem olharam para cima sob seus bonés de baseball. Eram os melhores amigos de Justin de casa, e vieram para a turnê para o fazer companhia. Passa o tempo do dia. Até para adolescentes, quando vão falar com um adulto, eles ficam mudos. Eu me tornei uma apreciadora deles enquanto o dia passava: eles escolhem os horríveis buffets, e oferecem a Justin meio que um apoio moral em um mar de adultos muito ansiosos que deve ser a única coisa que o mantêm controlado.
Quando finalmente pude conhecer Justin no andar de cima, ele também estava mudo. Acontece que ele perdeu a voz por causa de um vírus, apesar de eu suspeitar que começou a desafinar por causa da puberdade. Ele é pequeno para sua idade, e parece ser solitário. Enquanto a equipe da TV está arrumando as coisas, ele senta no piano, consertando.
Justin foi criado por sua mãe adolescente e solteira, Pattie Mallette, morando em um local de baixa renda em Stratford, Ontário, no Canadá. Aos 12 anos, ele ficou em segundo lugar em um concurso de talentos local, e começou a postar vídeos de si mesmo no YouTube. Uma performance de Justin sentado em um sofá, dedilhando seu violão e cantando como um anjo, foi vista por acaso por Scooter Braun, então empresário musical e organizador de festas. Ele achou que tinha encontrado o próximo Michael Jackson. Ele voou para conhecê-lo, fazer uma audição com o cantor de R&B Usher, e Justin assinou um contrato. Ele passou a ganhar cerca de 100 milhões de euros. Ele cantou para o presidente Obama. Ele está no topo das listas americanas da Billboard com seu álbum de estreia, My World, fazendo dele a mais jovem estrela desde Stevie Wonder, em 1963. E este é apenas o começo.
Eu estava sentado com Scooter, que é provavelmente o homem mais seguro de si qu eu já conheci. Somente 28, ele me falou, “eu sou um cara esperto. Eu seria rico sem Justin Bieber.” Eu não duvido dele. Scooter ve nele uma figura de pai para Justin, e é rigoroso como um. “Ele é como o filho que eu não tive. Se ele faz alguma coisa errada, ele tem que pedir desculpa” ele contou.”Justin não é tratado com luvas de pelúcia. Eu demito pessoas que se aproveitam dele. Ele é um garoto. Ele não é perfeito. Você tem que definir limites, as consequências. Scooter tem que confiscar o telefone e o computador da jovem estrela se ele quebra as regras: ele tem que dormir oito horas, boas notas e ser educado com os jornalistas… Justin não tem acesso ao dinheiro que ele recebe até que ele complete 18 anos, entretando, ele recebe cerca de 30 dólares para ter no seu bolso cada dia. Falo para Scooter que tudo isso parece um pouco duro. “A criança se torna chefe da família”, diz ele, “e os pais não sabem como lidar com ele. Eles ficam aterrorizados de perturbar a criança.”
Como ele vai assegurar-se que Justin não se torne outro Michael Jackson? ‘Não vou deixar que isso aconteça.’ Pergunto a ele se Justin tem o necessário para ser bem sucedido – a ética de trabalho, a determinação, os nervos de aço – além do talento. ‘Um de seus melhores amigos foi morto em um acidente de barco’, ele diz. ‘Justin decidiu que um dia ele ia esgotar uma turnê mundial em honra ao seu amigo. E ele irá fazer isso também’.
Enquanto nos preparamos no auditório para uma checagem de som e meet and greet com fãs, começo a sentir pena de Justin, que passou a manha perambulando pela suíte do hotel, mãos no bolso, tentando evitar seu tutor; ele tem que fazer quatro horas de estudo por dia durante tempo determinado. Sua treinadora de voz, Jan Smith, está chegando, e nos encontrará no local que decidimos. Justin ainda está guardando sua voz para o show desta noite. Apenas se Jan nos der sinal verde eu poderei finalmente sentar-me com Justin e conversar.
Fora do local que marcamos, apenas uma das 43 datas esgotadas de sua primeira turnê nos Estados Unidos, meu passe “acesso a todas as áreas” age como soneca: garotas agrupam-se perto de mim, desesperadas por qualquer contat, não importa o quão frágil, com Justin. Elas estão estranhamente calmas, e focadas. Elas penteiam seus cabelos e colocam brilho labial de uma bateria de produto em seus bolsas; Eu lembro que levei meu saquinho para White City por David, e um sanduíche de banana.
O que faz de Justin especial? ‘Ele é muito fofo, são seus olhos!’ berra Alexes, 14. Nós entramos, e eu fico de um lado enquanto Justin, que acabou de chegar para seu encontro com fãs com um grupo de vencedores da competição em um Segway (meio que uma scooter elétrica e motorizada) – a primeira coisa de criança, espontânea que ele pôde fazer de verdade o dia todo. As garotas formam uma cuidadosa linha, e podem abraçar seu pequeno ídolo e tirar uma foto com ele. Eu falo com elas enquanto chegam sorridentes. Skylei, 13 (por que todas as garotas da minha turma se chamavam Christine e Barbara?), diz, ‘Foi o melhor momento da minha vida. Honestamente, nada superará isso.’ Deu vontade de dizer, ‘Não, essa foi a coisa mais sábia que eu ouvi o dia toda. Nada irá.’
Finalmente, depois de muito debate e atraso, e uma luz verde da treinadora de voz Jan, que é com muita alegria maternal dirigida a Justin, e me diz que ele é ‘tão educado, tão gentil, e um verdadeiro cavalheiro’, estou sentada em um sofá com Justin Bieber, a maior estrela pop do mundo atual. Até mesmo longe do auditório, podemos ouvir os gritos começaram no prédio do lado de fora. Eu digo a eles que os fãs realmente o amam. Eu sei o que elas sentem, porque eu já senti uma vez. “Não é amor de verdade”, ele diz. “Você pode dizer que é, mas não é. Elas não sabem quem eu sou.”